Ao ingressar em uma empresa, muitas vezes nos concentramos nas expectativas e desafios imediatos que encontramos. No entanto, é essencial lembrar que essa organização já possui uma história que precede nossa chegada. Nossa compreensão dessa história prévia pode afetar significativamente nossa experiência e sucesso dentro da empresa.

O princípio da ordem sistêmica nos ensina que tudo o que aconteceu antes de nossa chegada tem um impacto sobre nós, mesmo que não estejamos conscientes disso. Isso significa que a cultura organizacional, os relacionamentos entre colegas, as decisões passadas e até mesmo os eventos históricos que moldaram a empresa antes de nossa entrada têm influência sobre nossa experiência atual.

Tudo e todos que fazem parte dessa história precisam ser reconhecidos, ou seja, não podem ser esquecidos nem apagados. Quem faz parte precisa ter um lugar claro e saber a quem se reportar sempre que necessário. A ordem de chegada, o tempo de contribuição, precisam ser reconhecidos para trazer segurança ao sistema empresarial.

Nós vemos muitas pessoas liderando organizações, às vezes segunda geração, terceira geração, por exemplo, que têm uma postura de invalidar aquilo que os antecessores fizeram ou de reconhecer pouco ou criticar aquilo que foi feito antes. A postura correta é sempre a de incluir tudo que acontece, aprender com todos os erros, ao invés da postura de exclusão.

Todas as pessoas que são excluídas de um sistema tendem a ser representadas por quem vem depois. Vou explicar melhor fazendo as seguintes perguntas:

• Na sua empresa, vocês costumam fazer boas despedidas?
• Como são feitas as demissões?
• São feitas de maneira respeitosa?
• Há gratidão pelo tempo de contribuição daquele profissional?

Uma empresa é um sistema criado, não é um sistema natural como a família por exemplo. A empresa é uma comunidade de objetivo. A visão sistêmica nos ensina que o sistema, seja ele criado ou natural, não permite exclusão e que toda exclusão gera uma compensação.

Quando isso não acontece a empresa fica cheia de “cadeiras quentes”, um termo usado na visão sistêmica e ninguém consegue ocupá-las. A compensação disso é a alta rotatividade, líderes que não são aceitos pela equipe, profissionais que têm sentimento de estar no lugar errado. Isso tem a ver com exclusão e pertencimento.

Muitas vezes a pessoa que vai ocupar aquela cadeira sente o peso, sente que tem algo que não está completo. Se hoje eu sou capaz de desrespeitar o que veio antes, será que eu serei capaz de respeitar o que o sistema precisa?

Se eu, como líder, aprendi a respeitar aqueles que lideraram a minha vida pela primeira vez, os meus pais, do jeito que foi possível, do jeito que chegou para mim, eu tenho a tendência de também ser capaz de ter uma boa condução na minha própria liderança.

Ao reconhecer e compreender a história da empresa, somos capazes de nos posicionar de forma mais eficaz dentro dela. Podemos aprender com os sucessos e falhas do passado, entender melhor as dinâmicas de equipe e identificar oportunidades para contribuir de maneira significativa. Além disso, ao reconhecer que fazemos parte de algo maior do que nós mesmos, podemos desenvolver um senso de pertencimento e propósito que impulsiona nossa motivação e comprometimento.

É importante também lembrar que assim como a história da empresa nos influencia, também deixamos nossa marca nela. Nossas ações, decisões e contribuições se somam à história coletiva da organização, moldando seu futuro e impactando as gerações futuras de colaboradores.

Portanto, ao iniciar uma nova jornada profissional em uma empresa, é essencial estar ciente da história que a precede. Ao fazê-lo, podemos nos posicionar de forma mais consciente e eficaz, contribuindo para o presente e o futuro da organização de maneira significativa.

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